Felicidade, palavra bonita com um significado profundo.
Felicidade é a aspiração
da alma humana, o desejo de se ter uma vida que seja plena de significados, de afetos, de encontros e realizações.
Ninguém
nasceu pra ser infeliz,
pra se sentir incompleto, triste, irrealizado. Deus, aquele que nos criou, é a fonte da felicidade, a fonte de todo bem, e quando
nos criou, diz a Bíblia,
viu que era muito bom o que tinha feito.
Criou-nos à sua
imagem e semelhança,
imagem e
semelhança, portanto, d´Aquele
que é sumamente feliz.
A Bíblia nos mostra que o desejo de Deus é mostrar para o ser humano o caminho da felicidade. Na verdade, a Bíblia, antes de ser um livro de mandamentos, é na verdade
o livro da felicidade, livro escrito por ninguém menos do que o próprio
Deus.
Nos evangelhos, Jesus nos
fala as mais belas palavras sobre a
felicidade, indicando-nos com clareza
o caminho para aquilo que no fundo é a fonte da nossa verdadeira realização. Entre as muitas instruções que nos deu sobre como ser feliz,
Jesus nos ensinou
a juntarmos para nós um tesouro que nem o ladrão
rouba nem a traça
rói nem a ferrugem destrói; ensinou-nos que só um coração
livre de apegos, pronto para a partilha poderá
ser feliz.
A Igreja Católica sempre entendeu o dízimo como fruto da experiência da gratuidade que nasce no coração de quem encontrou o verdadeiro tesouro nesta vida. Fora disto, ainda fica aquela ideia mesquinha que mais se parece com o pagamento de um imposto, ou da retribuição devida por um trabalho ou coisas semelhantes.
Os relatos dos primeiros cristãos falam de uma gente generosa, que tinha descoberto que nesta vida há muito mais alegria em dar do que em receber, de gente que usava os bens que tinha para fazer o bem, para construir comunidades fortes por causa da solidariedade, que não deixava entres eles existir ninguém que passasse necessidade. Uma experiência de verdadeira liberdade diante das riquezas deste mundo, que fazia as pessoas se servirem delas e não servirem a elas. Uma gente que realmente se encontrou com Jesus Cristo e que foi libertada por sua Palavra quando a colocou em prática com todo o seu coração.
É nesta perspectiva que se deve entender o dízimo.
Assim, tornar-se dizimista é antes um privilégio do que uma obrigação, pois testemunha que a pessoa acreditou naquilo que Deus lhe disse
por meio da Bíblia e da Comunidade Igreja, levando-a a se comprometer não só por meio de palavras, mas também do gesto concreto
do dízimo, que a faz mais livre diante do ídolo dinheiro, tão cultuado em nosso mundo.
A Igreja Católica procura fazer da experiência do dízimo não uma imposição de normas, cobrando da pessoa 10% de seus rendimentos, mas procurando levá-la à gratuidade com o seu Senhor e Deus que diz que cada um deve dar segundo a generosidade do seu coração. Trata-se, portanto, da experiência do coração diante do Deus da vida, que é generoso para com todos, dando muito mais do que ousaríamos pedir ou mereceríamos. A medida da generosidade é a medida da liberdade que a pessoa experimenta diante dos bens que tem e da confiança que tem no seu Senhor. Ela mede também o amor e o comprometimento com a sua comunidade e com a obra da evangelização, que é sustentada pelo dízimo.
Neste mês de novembro, como fazemos a cada ano, estaremos celebrando o mês do dízimo. Queremos então refletir e renovar a confiança que temos no Deus que fala conosco sobre os caminhos da felicidade nesta vida, caminhos estes que passam, necessariamente, pelo desapego, pelo comprometimento, pela generosidade e pela partilha. Escutemos sua Palavra, renovemos nosso sim a ela também por meio do dízimo, proposta concreta que nos ajuda a viver em tais caminhos.
Bom mês do dízimo para todos!
Pe Walter Jorge Pinto
Pároco da Paróquia
São João Batista/
Viçosa
Vigário Episcopal da Região Pastoral Mariana Leste
Nenhum comentário:
Postar um comentário